Direção segura a favor da vida
Direção segura a favor da vida


Falar sobre Direção Segura em um país cujo número de mortes em acidentes de trânsito somaram mais de 42 mil no ano de 2015, segundo o DPVAT, não é algo muito simples. Precisamos observar as estatísticas, repensar nossas decisões e também agir contra enorme número de mortos pelo trânsito no Brasil.


Nos Estados Unidos, O NHTSA (National Highway Traffic Safety Administration), órgão similar ao que é DENATRAN no Brasil, divulgou que eles haviam atingido em 2009 um índice de mortalidade no trânsito inferior ao ocorrido em 1950, sendo o 10º ano consecutivo em que caiu o número de vítimas. Isso nos traz a esperança de que é possível fazer algo para diminuir as terríveis estatísticas brasileiras para mortes no trânsito.


A diminuição de tragédias no trânsito americano é atribuída ao uso do cinto de segurança e ainda a um esforço para inibir a direção por pessoas alcoolizadas. Isso, é claro, só foi possível pelo envolvimento de vários atores da sociedade, como gestores públicos, policiais, agentes de segurança, representantes de empresas, pesquisadores e vítimas de acidentes.


Mas enquanto nosso país caminha com um observatório que consiga coletar dados, processá-los e disponibilizá-los, os gestores de órgãos públicos e de empresas privadas, fornecedoras ou consumidoras do trânsito, precisam se unir em busca de estratégias motivadoras na diminuição dos acidentes de trânsito.


O Brasil é um país rodoviário. Nossa frota total saltou de 29.722.950 veículos em 2000, para 64.817.974 em agosto de 2010. Um crescimento de 118% em uma década.


E por falar em década, foi lançado, em maio de 2009, pela ONU, através da Comissão Global para a Segurança no Trânsito, um plano de ação para a década 2011/2020. O documento recomenda aos países membros medidas imediatas de atenção e prevenção contra a violência no trânsito, que se revela como a principal causa de morte prematura e de ferimentos incapacitantes na população de jovens do mundo.
Como podemos perceber dirigir com segurança não é mais somente uma questão de mera imposição legal para a realização de treinamentos e aquisição de habilidades motoras. Dirigir com segurança está diretamente ligado à humanização do trânsito e da valorização da vida. Não somente a própria vida, mas, além disso, valorizar e cuidar para não ferir o outro.


Precisamos com urgência redescobrir valores como o cuidado com o outro, a gentileza, a paciência, o perdão e muitos outros. Tais ações, quando praticadas no ambiente do trânsito, produzem uma mudança significativa.
Mas e quando esses valores se chocam com os interesses mercantis e financeiros? A resposta é que perdemos vidas. Essa é a pura realidade. Quando colocamos qualquer outro interesse acima do interesse de preservar a vida, ela é quem perde.
Não é raro assistirmos cenas de violência praticadas no trânsito por condutores em cujos veículos se encontram crianças. Outro exemplo muito comum é a parada em fila dupla na frente dos colégios para o embarque e desembarque de crianças. Como educar essa criança para o trânsito se quem deveria ser o primeiro a dar o exemplo, os adultos, não o dão?


Mais do que um treinamento para motoristas, Direção Segura deve ser um valor a ser incutido em cada um de nós, tendo como premissa a preservação da vida. Agindo assim, o motorista vai colocar em prática toda aquela gama de informações recebidas na sala de aula, transformando-as em condutas corretas. Dirigir seguramente não é dirigir como quem está se defendo do inimigo, mas como quem está cuidando do outro.
Na melhor das hipóteses, o Brasil perde 120 vidas por dia em acidentes de trânsito! Precisamos mudar esta história.
Cada motorista precisa conscientizar-se de que sua atitude pode fazer diferença. Quem sabe, agindo assim, chegaremos ao final desta década podendo contar uma história diferente.


24/02/2018     Artigo    Maurício Pontello
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